- Jota Jr, ícone da narração esportiva
É com satisfação que o Futebol nas 4 Linhas teve a oportunidade de conversar com um dos mais experientes locutores do jornalismo esportivo. Jota Jr teve a oportunidade de atuar na narração dos jogos nas mais importantes emissoras. Atualmente ele trabalha na narração dos jogos no SPORTV e no canal pago PREMIERE.
Com toda sua experiência, Jota Junior atendeu o blog e respondeu alguns questionamentos sobre a sua carreira e sobre o futebol brasileiro.
F4L – Há quanto tempo você está atuando na área esportiva? Como foi o início da sua carreira?;
J.JR – Estou trabalhando como jornalista esportivo desde 1969. Comecei na minha cidade, Americana, interior paulista. Primeiro escrevendo noticiário para o rádio, escrevendo para o jornal da cidade ( O Liberal ) e apresentando programas musicais. Depois, passei a narrar futebol. Trabalhei também como narrador em rádios de Campinas, Limeira e posteriormente São Paulo, até 1983, quando passei para a televisão ( Band ).
F4L – Desde então, quais foram os estádios que você frequentou nos quais você percebeu não existir uma condição adequada para que o jogo fosse realizado?;
J.JR – Os estádios brasileiros para o trabalho da imprensa são, ainda, muito precários. Alguns melhoraram as acomodações de acordo com as necessidades técnicas dos veiculos de comunicação, mas ainda não é o ideal. Diria que 90% deles não atendem às necessidades básicas das rádios, jornais e tevês.
F4L – Hoje, os estádios do futebol brasileiro, possuem condições no quesito segurança para sediar jogos de grandes proporções? Por exemplo, clássicos que a rivalidade tem se acirrado cada vez mais?
J.JR – Questiono muito a segurança dos nossos estádios, especialmente em suas estruturas. São estádios que têm mais de 40 anos, alguns muito mais do que isso, e que dificilmente recebem trabalho de manutenção adequada. Haja vista o que ocorreu na Fonte Nova, anos atrás. Hoje há mais rigor na fiscalização das autoridades, mas mesmo assim tem alguns estádios que não inspiram confiança para abrigar milhares de pessoas.
F4L – Como você analisa a atuação do governo e/ou da promotoria no combate à violência? É possível que o governo tome medidas energéticas como o governo Inglês tomou com relação aos HOOLIGANS?
J.JR – Alguma coisa tem sido feita para coibir a ação das torcidas organizadas. Já se jogou mais duramente. Há uma espécie de proteção dos clubes às facções das organizadas. Entendo que se deveria agir com mais rigor na apuração de quem frequenta as torcidas. Tem muita gente do mal infiltrada nessas facções, o que acaba resultando nas arruaças e atos de terrorismo nas cidades em dias de jogos. Falta muito para as autoridades terem as rédeas da situação, também porque não há legislação especifica para punir os maus elementos que agem em praças esportivas.
F4L – Qual é a sua avaliação para o papel que os jogadores exercem no combate à violência? O jogador poderia ter uma função diferente com relação a conscientização dos torcedores?
J.JR – Infelizmente, os sindicatos dos jogadores não têm força para atuar no combate à violencia. Os jogadores, em si, também ignoram as ações dos vandalos. E eles, como heróis, idolos, poderiam perfeitamente encabeçar campanhas de combate à violencia. Veja que não há nenhuma iniciativa de atletas consagrados para tentar conscientizar os maus elementos infiltrados nas torcidas.
– O estatuto do torcedor amenizou os problemas que aconteceram na década de 90 e até a metade dos anos 2000?
— O estatuto do torcedor é muito pouco acionado. Pouco invocado. Ao pé da letra, o estatuto coibiria muitas ações violentas, porém ainda estamos naquela do “deixa como está”. O consumidor do futebol reclama quando é desrespeitado mas não leva adiante as ações de denúncia e de reivindicação. Falta cidadania aos que frequentam as praças de esportes, exigindo seus direitos até as últimas instancias.
F4L – Como a mídia atua no combate e na divulgação dos fatos que acontecem relacionados a violência? Como você enxerga a midía nos dias de hoje e o que ela poderia fazer para “fiscalizar” a atuação das organizadas nos estádios e da promotoria no combate a violência?
J.Jr – Acho que á mídia tem dado a sua contribuição, emitindo opiniões fortes, abrindo espaço para as autoridades externarem seus pontos de vista, cedendo imagens para a identificação dos infratores, e etc. Campanhas são feitas, mas por melhores que sejam, ainda não incutem na cabecinha dos despreparados para conviver em sociedade. Falar, denunciar, mostrar, tudo isso tem sido feito. Os resultados ainda não surgiram, infelizmente.