Archive for novembro \06\-03:00 2011

O que acontece com esse São Paulo?


Jogadores comemoraram o gol marcado pelo atacante Souza (Foto: Eduardo Martins/Agência Estado)

 

Acredito que para a maioria dos São Paulinos, o sábado foi um dia para apagar da história do clube.

Não digo pela derrota em si. Afinal, o Bahia foi um time aguerrido que apesar da torcida ter tido a sensação de que o jogo estava acabado, lutaram e mostraram que o dendê que corre nas veias dos baianos faz a diferença na hora da decisão.

E foi exatamente esse espírito que faltou e há muito tempo faz falta nesse time São Paulino. Às vezes eu arrisco dizer que esse não é aquele São Paulo que o Pedro Rocha um dia ensinou a ser respeitado, onde Raí  e Telê Santana apresentaram ao mundo e Rogério Ceni consolidou no mundo.

Falando abertamente, muitos jogadores que estão na equipe passam a impressão de ter uma falta de vontade de vencer (coisa que reluto em acreditar que possa existir), alias, pode até ser que a falta de capacidade fale mais alto, porém, existem equipes que não possuem um elenco com uma profundidade tão grande quando o São Paulino, mas a entrega em campo é maior.

Acho até que é a vontade de vencer ou a necessidade de aparecer para o cenário nacional é que faz os jogadores terem aquele sentimento de “quero mais” ou o sentimento de “ainda sou bom, vou provar pra todo mundo”.

É incrível como alguns não conseguem utilizar a estrutura que um clube como o São Paulo Futebol Clube oferece.

Por fim, para não dizer que estou culpando os jogadores, que fique claro a indignação com o nosso excelentíssimo presidente Juvenal Juvêncio que deixou o Baco imbicar para demonstrar a preocupação quanto o estado técnico e moral do time.

Isso vale também para tantos outros clubes como, por exemplo: Cruzeiro e Palmeiras.

O ano de 2011 terminou para o São Paulo e agora é o momento de entender o que poderá ser útil para o ano seguinte, limpar o que não dará força para futuras conquistas e aprender que, no futebol, é preciso se fazer presente e não adianta largar o futebol na mão de um ou dois.

Uma última observação: Parabéns à equipe do Bahia pela virada épica e que isso seja o combustivel que faltava para se manterem na série A. Um campeonato brasileiro sem um time do nordeste não faz sentido.

Como destruir sua imagem de ídolo


O futebol de hoje está acompanhando as tendências mundiais, seja na economia, seja na politica ou na sociedade, e podemos comprovar cada vez mais ao identificarmos os valores exorbitantes pagos em jogadores que não condizem com todo esse dinheiro.

Como em todos os segmentos da vida, há aqueles que conseguem ser notados por sua capacidade e trabalho desempenhado, outros pelo seu carisma e também existem aqueles que chamam a atenção pela união das duas qualidades: Desempenho e Carisma. No futebol, essa pessoa consegue o status de ídolo.

O ídolo é aquele jogador que está acima de qualquer suspeita cujo o torcedor sabe que vai estar com o time na alegria ou na tristeza, na riqueza ou na pobreza e vai dar conta do recado.

Contudo, o termo está ficando banalizado e qualquer um consegue o status de ÍDOLO de toda uma nação. Até outros tempos, um jogador para se tornar ídolo de um clube deveria seguir as premissas:

– Ficar no time por um bom tempo;

– Ganhar títulos;

– Defender o escudo do time acima de todas as coisas.

Porém, o que acontece atualmente é a necessidade da adoção de um ídolo que, muitas vezes, não consegue suprir nenhum dos três itens citados acima. Isso acontece em muitos casos pela carência da torcida em ter alguém que represente sua equipe num momento em que o clube esteja passando a dificuldade.

É digno e até muito bonito uma torcida ter essa vontade de transformar um jogador num ídolo. Mas, infelizmente, arrisco em dizer que 95% dos jogadores que atuam no futebol brasileiro não estão preparados para receber tamanha responsabilidade e honra.

Observamos o exemplo do Kleber “Gladiador”, atacante do Palmeiras, que após anos de lua-de-mel com a torcida alviverde demonstra que os seus dias de gladiador do Palestra Itália estão no fim. No inicio da sua passagem no Palmeiras, Kleber conseguiu conquistar o Campeonato Paulista de 2008 e com a conquista pôde se firmar como um dos ícones do elenco (isso sem levar em consideração o pouco tempo de casa do jogador), porém, as polemicas foram caminhando junto a sua permanência no elenco até que ele trocou o Palestra Itália pela Toca da Raposa (Cruzeiro). Em Minas ele colecionou confusões e discussões, principalmente na sua saída.

Na chegada, declarações de que voltou ao lugar que nunca deveria ter saído parecia servir como a frase que faltava para que a torcida pudesse afirmar: Ele é nosso ídolo. Mas assim como o futebol é dinâmico, os jogadores também são e após meses difíceis, resultados adversos e polemicas que não paravam de crescer, Kleber demonstrou vontade de sair. Para conseguir mudar de ares, Kleber adotou uma postura um tanto quanto rebelde, criticando publicamente dirigentes do clube, presidente e treinador.

Esse posicionamento acabou irritando a torcida que viu o seu ídolo transformar-se em “Judas” ou “Mercenário” (como muitos mencionam nas redes sociais).

Porque usar o exemplo do Kleber?

Porque é o exemplo cabal para provar que o futebol brasileiro está carente de ídolos e isso acarreta na escolha precipitada de pessoas que não sabem, conhecem ou dimensionam o quão fundamental é o papel de um ídolo para um time e para uma torcida.

Podemos usar os exemplos do Rogério Ceni e Raí no São Paulo, Marcos no Palmeiras, Marcelinho Carioca e Ronaldo no Corinthians, Neymar no Santos, Zidane no Real Madrid, Paolo Maldini no Milan, Buffon na Juventus, Xavi no Barcelona. Nessa lista citamos exemplos recentes e outros que ainda estão atuando por seus clubes. Além disso, podemos citar outros tantos jogadores que foram verdadeiros ícones e que criaram uma história através de muita luta e conquistas.

Apesar de ser difícil, usemos a razão para não sentir no coração a dor da decepção que uma expectativa pode gerar!